25 de maio de 2011

WHITE ALBUM


teste teste teste. testando a arial 10 num fundo preto. ficou bom. ouvindo as músicas do álbum branco. "sexy sadie" é uma das favoritas, mas eu prefiro a versão ao anthology. não foi tão ruim assim. consegui coisas nos últimos anos. a imaturidade era natural. tenho um abajour bem legal, posso escolher as cores. posso escolher o lado da cama. tudo era mais criativo. pec pec pec. eu gosto do barulho de máquina de escrever desse editor de texto. dá vontade de escrever mais e mais. se estou satisfeito com a minha vida? não sei. algum dia nós devemos? talvez não deva me cobrar tanto. todo mundo mente. quão grande você pensa que é? levei anos para perceber que coisas super necessárias não eram tão necessárias. deveriam ensinar educação financeira nos colégios. as escolas deveriam ensinar as pessoas a viverem de verdade. o conhecimento não é tão importante assim. se passa, se ensina, se escolhe. fico onde estou, mirando projetos e conseguindo fazer o melhor que posso. preciso ver certas pessoas. acho que era maio de 2011. "sexy sadie" no repeat. fase estranha de me apegar a poucas músicas, escutar mil vezes as mesmas e depois shufflear dezesseis mil. "anna lee", "junho de 83", "under the same sun", "voodoo child", "don't try so hard", "big empty". a lista de 2011 é melhor que a de 2010. o primeiro semestre tem sido estranho. uma turbulência estável. tenho planos para todas as imagens do meu estado. posso casar ou não. posso ter filhos ou não. posso comprar um lugar pra morar. vou saber viver. me deram o caminho das pedras e aprendo sozinho, na minha insignificância. sou um autodidata que gosta de pensar. me imagino vivendo fora do brasil. a sensação de isolamento. a auto guarda de mim mesmo. a estranha arte de tirar o melhor de si. "sexy sadie, the greatest of them all". a visão se abre, o peito afunila. o mundo cai e a gente vive com um pouquinho da tristeza que sempre está lá. amor. "o amor não acaba. se acabar, não era amor." preciso exercitar minha criatividade. a loucura cede lugar ao ponderado. 2011, o ano da volta de reviravolta do cabuletê. depois, o melhor presente de todos: eu. "the world was waiting just for you".

21 de maio de 2011

O MAL DE VER


Vejo com otimismo os movimentos nas redes sociais, a ida às ruas, a molecada sub 40 se mobilizando. Espero que um dia saibamos fazer isso de forma organizada, pacífica, forte e influente. As discussões no âmbito virtual vão continuar, e isso já está gerando uma consciência generalizada dizendo "algo está errado". Fazer algo a partir desta constatação já é um começo (mesmo que não saibamos direito como). A verdade é que construímos um sistema de vida complexo demais, e agora não conseguimos mais controlá-lo de maneira uniforme. Optamos pelo mais óbvio, previsível e cômodo: cada um tira sua própria vantagem dele, sem necessariamente se sentir parte (ou compreender) o todo.

Quem tem mais vantagem exerce medo sobre quem tem menos, o que é primário em qualquer espécie animal. O predador é a classe dominante. Nós, que estamos na base da pirâmide, temos medo de tudo: "Será que vou ter grana para o ônibus? Será que vai sobrar grana para almoçar? Nossa, esqueci de justifcar minhas horas! Atrasei 10 minutos, e agora? Tenho que bater ponto. Vão descontar do meu salário? Será que devo me casar? Devo ter filhos? Vou conseguir investir numa boa formação? Não sei falar inglês! Tenho que estudar! Essa é a hora de investir num imóvel? E o plano de previdência privada? Deixa pra depois! E se, amanhã, eu, subitamente, e inesperadamente, morrer?"

A questão é: quando vamos afinar nossa disciplina através do nosso senso de responsabilidade (e não pelos nossos medos)? Precisamos de formação sólida para perceber isso. No fundo, nossa geração não é muito exigente: tudo o que queremos é andar por ruas limpas, pensar que viver honestamente compensa e ter garantias mínimas pelo que contribuímos. Hoje, com 25 anos, é fácil sacar que o Brasil é um barco furado para gente honesta. Obviamente, qualquer pirâmide que seja orientada por vantagens (e não por competência, trabalho, inovação, competição ou seja lá o que for) é injusta, mas estamos muito longe de qualquer padrão de justiça que se possa imaginar.

É maluco, mas pagamos muito caro pelo pouco dinheiro que conseguimos. Nosso salário virou esmola, sendo ilusório inclusive ganhar bem e a sensação de contentamento que vem junto. Vemos o governo subsidiar grandes empresas, eventos esportivos, bancos privados e crises econômicas, mas quando o povo será subsidiado para levar a vida de maneira mais justa? Acreditamos que a vida é boa, mas ter essa real percepção precisa se basear na ausência dos nossos medos?

Quando isso acontece, achamos que nós somos o problema, quando na verdade sofremos pressões desnecessárias de todos os lados para ter coisas que jamais poderíamos ter, e aí criam-se bolhas, enchem o povo de dinheiro de plástico num processo descarado de creditalização (dinheiro de mentirinha) e tudo fica bem.

Sei que no mundo existem países mais e menos justos que o Brasil, mas somos muito ineficazes se considerarmos volume de investimentos feitos no país, impostos arrecadados, capital humano e recursos naturais. Conheço muita gente que leva a vida a sério, que quer mudar as coisas, que se cobra por resultados, mas não há o menor incentivo para que essa nobreza vire realidade. Espero que toda essa gente na rua um dia reconheça que a nossa verdadeira luta é para que isso aconteça.