26 de julho de 2011

JOANA FRANCESA





Não eram um, mais dois. Eram dois botões vermelhos, circulares, bordeados por uma camada preta. O silêncio era impelido pela ventoinha da placa, mas hoje não atrapalha a paz.

Neste vinte e sete de julho de dois mil e onze, aqui no quarto, neste cenário de volante, câmbio e olhar fixado no brilho branco da tela, penso em como foi bom o dia.

Minha mente aponta pra frente. Meu corpo, cansado, implora a cama num cansaço bom de sentir. Minhas necessidades ficam pra trás porque tenho uma foto no fim do livro que me estimula a ler até o fim. Nem gosto de ler, mas é para ficar claro o que quero dizer. Se vocês não entendem, eu entendo. Se eu não leio, escrevo.

Já não sei mais o que é difícil. De balançar e não cair, ando reto. Se tropeço, nem percebo. Desarrumado, eu sou. Desajeitado, eu chego. Se espantam comigo. Me elogiam, mas não reconheço. Se o vento é fraco, minhas asas são grandes.

Boa noite, Clementine. Vale a pena despertar. 

4 de julho de 2011

SÍNDROME DE INFERIORIDADE


"Sabe o que sinto agora? Não me sinto infeliz, não estou com raiva. Não me sinto bem ou mal: não sinto nada. E parece ótimo." - Gregory House

Juro que dessa vez não vou falar das mazelas do mundo, dos juros altos, da qualidade de vida escassa em minha cidade, do que somos, dos preços abusivos, do lucro brasil e do que poderíamos ser.

Não vou falar nada. Vou acordar cedo amanhã, arrumar o quarto e sair sem deixar nada fora do lugar. Vou mexer os membros, o tronco e as pernas, numa dança solitária lícita e constitucional. Por me deixar respirar, por me deixar existir, Deus lhe pague. Vou olhar para o espaço que ganhei com as coisas que doei. Dê o que é inútil para deixar respirar o que é necessário.

Estou afundado no próprio silêncio, nos planos e no que acredito. Não vou formar opiniões, não vou reclamar. As redes sociais já se encarregam de dar palavra a todo mundo. Não dá pra saber se este é um processo democratico do povo refinar suas opiniões ou uma manifestação generalizada de auto afirmação.

Eu continuo escrevendo. Os hypezinhos de tecnologia dizem que blogar morreu, que a tendência é qualquer coisa que dure 15 minutos até que outra apareça, mas eu continuo escrevendo num blog que ninguém lê. Sinto prazer em registrar minhas palavras aqui, inúteis para os outros, boas para mim. Vou rir. Vou trabalhar bastante. Vou atingir meus objetivos. Não quero morrer. Não vou pagar caro. Não é justo. Quero deixar minha contribuição. Não acredito na era de aquário.

Essas horas de vácuo mental são boas para adestrar a alma e libertar a mente. Somos quem podemos ser.