29 de janeiro de 2009

GOD ONLY KNOWS


O foda é que os caras vendem papéis podres durante anos, escondem do governo, fodem com o crédito e as empresas vão pro limbo.

E a responsa?

E outra: essa crise é muito especulativa e, depois de anos de vacas gordas, tá sendo usada como desculpa pra enxugar o RH e cortar um monte de mordomia.

E o consumidor fica desencorajado. Aí todo mundo fica cagando de medo pra gastar.

Ainda mais quando se fala tanto em consumo consciente, produção enxuta e utilização de materiais ecologicamente corretos.

A verdade é que não existe solidez pra nada aqui, neste mundo.

( Só vínculos entre as pessoas, e olhe lá. )

A vida é um lampejo. E eu sou de esquerda.

"O socialismo é a maior declaração de amor pela humanidade." - Heloisa Helena

26 de janeiro de 2009

ECLIPSE


O que se faz quando se tem um turbilhão de coisas para escrever, mas não funciona?

Vocês já se sentiram num desabrigo qualquer ou vivendo por viver?

Ando imaginando situações em que os sonhos influenciam na realidade.

E não é só isso: os estados de vígilia acontecem diariamente, de manhã e depois do almoço, e sonho com idéias e contextos totalmente irreais.

Devo estar entrando em total desprendimento com as coisas, a ponto de achar que alguns fragmentos de sonhos são mais interessantes do que viver.

Os budistas dizem: "Nós não acreditamos que vocês chegaram na lua, mas vocês chegaram. E vocês não acreditam que nós atingimos a iluminação em outra encarnação, mas nós atingimos." Eu quero também.

Não queria expor nada profundo aqui, e nada que me fizesse parecer um psicótico atormentado.

Isso enquanto o Roger me diz no fone de ouvido: "Os lunáticos estão no gramado, e é preciso mantê-los com a cabeça no lugar."

Por quê não posso ter uma visão instintiva e simples de todas as coisas? Não queria enxergar complexidade nas minhas relações sociais, afetivas, ou nas coisas simples que acontecem ao redor.

É. Vou falar de mim mesmo de novo, mas faço parte de uma sociedade com poucas variações de comportamento, falar de mim deve ser falar de alguns milhões.

E as luzes? Entorpecem e intensificam o efeito de substâncias líquidas as quais me submeti. Tudo gira e se mantém estático, simultâneamente. O ponteiro vermelho anunciando a passagem de pequenas transições de segundo entre espaços de tempo me dão a impressão de que posso mudar tudo repentinamente.

As coisas necessárias, retangulares, escurecidas, engolem no meu cômodo, nas casas e ruas por onde passo, me invadem sem meu consentimento: formas pseudo-geométricas que carregam alguma energia estagnadora, que não me fazem sair do lugar e me mantém com a mesma namorada, no mesmo emprego, com os mesmos amigos e inimigos, vivendo no mesmo lugar e da mesma maneira.

E as únicas coisas que me dissecam, diariamente, são retangulares: o ônibus barulhento que me leva de um lugar pra outro, com rotas pré-definidas e assentos marcados com o meu endereço. E pequenas pílulas de automatização e alienação ingeridas sem prescrição de ninguém ou bulas que ninguém lê.

Eu me pergunto se fazer parte dessas transições vale a pena ou se ter um filho é viável ( antes do prazer que antecede a sua concepção ). Na real, trazer alguém para este lugar desarmônico soa como uma grande irresponsabilidade.

Vocês já se sentiram num cômodo, destes que eu falei, sem cubículos, retângulos, sem luzes coloridas e qualquer coisa que lhes traga alegria verdadeira?

A tristeza não é simples. Não é uma cova rasa, e se estou cavando, é para algo diferente deste falso conceito.

Neste mundo, a plenitude verdadeira é um presente para poucos, e quase nunca para ordinários como este aqui.

Um dia, mando tudo para a puta que pariu ou me manterei lá, estagnado, imóvel e engolido por geometrias arquitetadas por não sei quem, em caminhos traçados por outros ( que não sei quem são ), sem me preocupar com eventuais desvios.

Fazer o que todo mundo faz é terminar onde todo mundo termina, por isso, estou tentando dizer adeus para a estrada de tijolos amarelos e deixar rolar, baby. Esperar Bennie e alguns Aviões me levarem para longe daqui, ou, ainda, ser carregado por alguma escadaria que me leve ao paraíso.

'Não há lado escuro na lua, realmente. O que importa é que, de fato, tudo é escuro.'

All that you touch
All that you see
All that you taste
All you feel.
All that you love
All that you hate
All you distrust
All you save.
All that you give
All that you deal
All that you buy,
Beg, borrow or steal.
All you create
All you destroy
All that you do
All that you say.
All that you eat
And everyone you meet
All that you slight
And everyone you fight.
All that is now
All that is gone
All thats to come
And everything under the sun is in tune
But the sun is eclipsed by the moon.

20 de janeiro de 2009

WHO FEELS LOVE?


Vamos escrever um pouco. É que eu não escrevo, mas quando isso acontece, acaba como o post abaixo. Coisas desconexas, de muitas linhas e essencialmente sobre mim mesmo. Vi em algum lugar que "filosofar não é nada além do que falar sobre si mesmo."

Então Nietzsche era mesmo tão sombrio quanto li, em 2006, em 'Assim falou Zaratustra'?

Estava no segundo ano da faculdade e o melhor professor que tive em 5 anos de curso, Ricardo Murer, olhou o livro em cima da minha mesa e disse que adorava Nietzsche, mas que incomodava o ceticismo de suas últimas obras.

Enfim. Minha descrença em algum deus começou ali. E olha que nem cheguei a ler "O Anti-Cristo".

E sobre o ano que passou, achei um modo perfeito de descrevê-lo quando questionado sobre:

- "Como foi seu 2008?", perguntam.

E eu digo:

"Foi a continuação de 2007, o ano que não terminou. ( bem como 1968 para muitos historiadores )"

2008 foi como a extensão da desgraceira que foi o final de 2007.

Mas sempre há diversos modos de ver uma coisa relativamente complexa. Neste caso, vou expor dois cenários:

O 2008 bom: comprei minha batera, entrei numa banda, terminei meu tcc, fui aprovado com 9, me aproximei mais do meu pai e da minha irmã, ganhei amigos maravilhosos, intensifiquei os antigos, comecei a namorar, meu salário aumentou, saí com meus amigos mais do que qualquer outro ano, superei a perda da minha mãe, ganhei bagagem profissional, me formei, fui em bons shows.

o 2008 ruim: passei o ano inteiro sentindo a ausência da minha mãe, tive que me acostumar com a comida da empregada, passei o ano inteiro sem um puto por causa da facul, me formei num curso vazio que até agora acho que não me agregou muita coisa, tive que me preocupar com a porra do meu tcc e com as minhas notas, tive que trabalhar e estudar após 7 anos sem férias, tive que aguentar meu corpo e espírito dizendo, após 5 anos: "não aguento mais essa rotina, caralho!", tive que pegar infinitos busões portado de infinita melancolia, me alimentei de muita porcaria ( e a saudade lá: intocável, permanente ), não tive mais o cheiro dela e o doce boa noite dito sob a nuca, ao pé do ouvido.

Meu maior enigma atual, se é que pode se chamar assim, é sempre ter a impressão de que poderia ter aproveitado mais tudo bem mais intensamente. Tudo passa e eu nem quase sinto, de forma tão inóqua e incolor, sem a psicodelia que desejo um dia em minha vida.

E pequenas coisas me frustram: liderar uma bateria de kart da primeira a penúltima volta, com pole e volta mais rápida, 1.02.026, média de 66,156 km/h. Rodei. O carrinho saiu de traseira e foi deslizando, deslizando...não deu pra segurar. Voltei em segundo.

Na penúltima bateria, liderava tranquilo tbm, e rodei numa ultrapassagem por um retardatário e fechei em segundo de novo.

A próxima é em 16.02. Vou vencer.

E quero um projeto social pra afastar o bode. "Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu."

7 de janeiro de 2009

TECNOFOBIA


Sempre fui meio refém da tecnologia. Meu pai não compreende muito, mas, em um computador, podemos fazer uma porrada de coisas. Tipo: gravar DVD´s, ouvir o que quiser, pegar discos novos e antigos, ler sobre o que você quiser, conversar com as pessoas e saber o que elas estão fazendo, usufruir de um perfeito simulador de corrida, obter qualquer tipo de informação para resolver qualquer coisa do dia-a-dia, se expressar e publicar de forma organizada o que você pensa e seus comentários sobre a vida ou sobre assuntos específicos, assistir o que quiser ( desde vídeos amadores até seriados e eventos esportivos ), gerenciar fotos e todo o tipo de conteúdo multimídia, usar o bluetooth e gerar interfaces com celulares e outros periféricos, imprimir coisas, desenvolver sistemas de informação, trabalhar com planilhas, apresentações e textos, desenvolver materiais criativos, e ainda, fazer cálculos complexos, trabalhar com ferramentas complexas e desenvolver trabalhos realmente complexos.

Enfim.

O computador é estimulante pra caralho. Meu pai não entendia muito bem, e atualmente ele usa a máquina melhor que eu.

Não tem e-mail, MSN, orkut e nem por isso deixa de fazer suas coisas que dependem daquele cubo negro situado no sobre solo do meu quarto.

Aliás, sem tecer maiores comentários e, como diria meu amigo Felippe Toloi: "o orkut é um câncer!"

Mas me lembro de quando ficava lá, no computador, resolvendo umas coisas, e minha mãe me abraçava por trás, me fazia cócegas, me dava boa noite, carinhosamente, e ia embora.

Ela se foi e não aproveitei esses pequenos momentos. Talvez tenha aproveitado minimamente, mas sinto que não aproveitei como deveria. Ou, como quase tudo na vida, temos a tendência de subvalorizar algo que temos plenamente, supervalorizar algo que perdemos e não aproveitar o presente.

Atualmente, quando estou lá, meu pai vem e fica querendo puxar assunto, fica me chamando pra ir ver aquele documentário interessante no discovery ou aquela matéria que passa no jornal.

Essas coisas são absolutamente insubstituíveis.

Sempre teremos novas versões de software, e o mundo não vai parar se você não descarregar as fotos agora, ou se postar depois, numa outra hora.

Neste mundo, pra mim, o amor ainda não substituiu a utilidade.

Sei que, as coisas pequenas, simples, que passam pelo coração, até que se descubra se são infinitas ou não, acabam.

E que haja plenitude e serenidade pra aproveitar adequadamente, antes que o mundo imponha sua profunda depressão em nossas almas.

Fui na igreja, na missa de sétimo dia da minha mãe, e a maioria dos fiéis eram velhos. Eles fizeram tanta coisa na vida, fizeram tanto pelo mundo e pelas pessoas. E o mundo ficou mais chato do que era. Os filhos dos filhos da terra que plantaram e fizeram brotar vida ficaram mais egoístas.

Deus, ou alguma força superior latente na alma destes esperançosos é uma das únicas coisas que contrariam a tendência do pensamento simplório que poderiam ter: "Trampei pra caralho e o mundo continua uma merda."

Digo, esperançosos, porque é só isso que resta. Desaprendemos a amar. Ninguém é feliz de verdade. Mas, se perdermos a esperança, fodeu de vez.

Nesse ano, quero me estabelecer profissionalmente. "Desejo desesperadamente fazer da minha vida uma vida interessante". E aprender a tocar batera decentemente. "Tudo que merece ser feito merece ser bem feito".

Profundidade na vida, nas idéias, nos detalhes.

O que é generalista cega.

Ainda preciso falar aqui do Wade Davis. Muito foda a entrevista dele pra TRIP.

E tô muito curioso pra ver as soluções aerodinâmicas criadas pelos mesmos engenheiros de araque que entupiram carros de F1 de penturicalhos, aletas e pedaços de fibra de carbono em 2008.

Coisa semelhantemente bizarra, só nos carros e aerofólios traseiros da temporada de 1984.

É que hoje me sinto tão cansado e sem saco pra nada, nem sei como escrevi outro post enorme.

Um dia, a sede de escrever tanto acaba. Ou não.

Admiro gente velha. Eles são dispostos. Eles fazem acontecer. Eles ficam abismados conosco. Eles construíram a casa onde nós moramos e chegamos pra ficar. Eles aprederam desde cedo que a vida é dura e inventaram todas essas maracutais das quais não vivemos sem hoje.

E nós? O que estamos fazendo? O mundo e seus sistemas de interesse renegam a inteligência dos seus filhos mais bem intencionados e os colocam em função robótica para servir gente sem nada. Só egoísmo.

Não vou revisar eventuais erros de gramática nesse post. Foda-se.

Até!

6 de janeiro de 2009

FASTER


Vou começar o post de hoje citando um amigo distante:

"Seja você quem for, seja qual for a posição social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus, que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá."

A frase acima é do Ayrton. Vi ontem, no documentário recém-baixado "Uma Estrela Chamada Ayrton Senna". O documentário é inglês e data de 1998. Nesta mesma época, em 1999, salvo engano, a revista Istoé colocou à venda 3 fascículos com o documentário dividido em 3 fitas VHS.

Na época, comprei as 3, mas duas se perderam e acabei ficando só com a Nº2, até hoje. O que não imaginava é que, 9 anos depois, poderia fazer download de tudo facilmente e colocar em um só DVD.

O documentário é muito bem feito e, além do trivial, exibe com detalhes a vida pessoal do piloto. Mostra todas as faces do cara. A frase dita no topo do post foi filmada com o rosto de Senna olhando firmemente para a câmera, ocupando toda a extensão da tela, com os olhos serenos, semi-marejados, como de 'outra dimensão'. A mensagem é belíssima, sem dúvida, e emociona, até certo ponto.

O termo 'outra dimensão' foi usado por Galvão Bueno, no encerramento do Globo Reporter de 6 de Maio de 1994, onde dizia: "Meu amigo, acho que você realmente pertence a outra dimensão." Sim. Eles eram amigos íntimos.

A outra frase, do Ayrton, tentei usar como inspiração num dia como hoje, por exemplo, mas no final, Senna cita: "um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá."

Muito sábio o modo de dizer "de alguma maneira". Senna sabia que o Brasil é um país de derrotados. Com essa pequena observação, pensei nas milhões de pessoas que ralam pra cacete, sonham, definem objetivos e mesmo com muita dor e sofrimento não chegam "lá" onde gostariam. Sim, a vida é dura.

Na verdade, Senna quis incentivar e dizer para as pessoas que elas devem acreditar em algo. A crença em alguma coisa é o que impulsiona. Se pessoas de baixo nível intelectual descobrissem que, mesmo ralando bastante, ainda é capaz que não se chegue aonde desejam, este país seria ainda pior.

Outras pessoas, como eu, ainda desconhecem o que é o "lá". Lá, aonde? Eu ainda estou tentando imaginar, e até 'lá', me falta paixão pra exercer minha profissão, como citei no post anterior.

O ponto, provavelmente, é mudar continuamente. Se adaptar às adversidades. Quando se sabe que mesmo ralando muito não chegaremos muito longe, seja por falta de oportunidades ou por não reconhecer que não se tem talento para tal, podemos mudar os rumos. Tentar outras coisas.

E aí me vem dois exemplos em mente: um tal de Hollyfield brasileiro, que vi numa reportagem há anos atrás. O cara ralava pra caramba, treinava ( muito ) boxe todos os dias e se dedicava muito à forma física porque sonhava em ser campeão dos pesos pesados. Tenho até curiosidade em saber onde esse rapaz chegou. Outro exemplo é o garoto que era péssimo em matemática e desenvolveu, sozinho, uma técnica de cálculo mental impressionante, que faz contas de alta complexidade em segundos com total precisão. Sim, o garoto péssimo em matemática se desenvolveu e hoje é um gênio.

A vida é fria e basear-se em um só exemplo pode ser errôneo. Pode nos fazer acreditar em possibilidades inviáveis.

O ponto, como já disse anteriormente, é saber mudar quando necessário e reconhecer que as ambições nem sempre podem espelhar a quem se admira.

E 2009 começa a ganhar os primeiros contornos e saindo da obscuridade das incertezas. Planos razoávelmente definidos e algumas pequenas pílulas de projeções para o futuro a médio-prazo. Eu mesmo defini esse ano como o 'ano do eu mesmo'.

É engraçado, planejar o futuro não é tão chato assim.

Mas, ainda, a infância é insubstituível. Como nas palavras do amigo Ayrton, "O que muda de uma criança para o adulto são os brinquedos. O que importa para a criança é saber qual será a próxima brincadeira ou o próximo jogo. Uma criança não é capaz de prever o que vai acontecer daqui 1 mês, 1 dia ou 1 hora. Tudo o que importa é o presente, que é aproveitado intensamente."

Não é verdade?

Já liguei isso ao meu pai, que me disse que a infância foi a melhor fase de sua vida durante a viagem que fizemos para Trindade.

E não é?

Aquele!

5 de janeiro de 2009

MOTHER NATURE SON


Pronto. Finalmente meu segundo post.

Peguei duas semanas de coletivas no trampo e voltei hoje. Quando se passa duas semanas de férias, o escritório parece até um lugar legal. Em TI, no começo do ano, os projetos ainda são nebulosos e demora um ou dois meses até definirem quais são as prioridades, quais serão cortados e quais serão adiados. Claro, é tudo questão de política e interesse. Normalmente acontecem aqueles que dão mais visibilidade.

O escritório parece um lugar legal no primeiro dia pós-férias talvez por causa dos amigos que tenho aqui. O resto, antes do imaginado, voltará a ser mais do mesmo.

( Agora um pequeno temor de que alguém superior a mim, e que tenha influência sobre meu chefe, na empresa, leia isso. Foda-se. Sinceridade, só por hoje. )

Passei meus nobres dias de férias em Trindade e em outro pequeno munícipio próximo. Em comum, folhagens verdes por todo lado, mato, e borrachudos provando o puro sabor do álcool no meu sangue.

Estou descobrindo que este blog, antes de tudo, é uma maneira de provar pra mim mesmo que não sou um ser oco. Na real, me sinto tão vazio, com a impressão de que pequenos lapsos de idéias e ponderações percorrem minha mente, quando, na verdade, queria passar por mais momentos de qualquer inspiração.

Depois de 5 anos de faculdade e 7 anos sem férias, fui obrigado a abrir mão de muito de mim mesmo. Na verdade, não sei se fui obrigado ou se tive pouca coragem pra fazer o que bem entender. Ou, ainda, se fui conservador demais. Ou se fui corrompido pelo consumismo pelo fato de querer trabalhar para obter coisas que me tragam satisfação. Mas, penso: a satisfação não é um estado essencial da alma? Será que as sensações físicas e psicólogicas proporcionadas por coisas materiais que quero conquistar não podem ser preenchidas por algum outro tipo de artifício que nos traga um tipo de satisfação ainda maior?

Enfim.

Não sou um ser oco, nem materialista. Nem consumista. Talvez, deva me aprofundar no real significado da palavra 'necessidade'.

Nos meus dias de férias, pude retomar meu contato com a natureza. E, com a natureza aos meus pés, me senti em casa. Passei anos suplicando por alguns momentos assim, e finalmente aconteceu. Pude tomar banho com água de brejos límpidos e frios, pude apreciar as estrelas num céu sem camadas de fumaça ou mormaço urbano. Pude subir em pedras, e, com alguns amigos, notei que, por instinto, sabemos naturalmente subir e descer pedras muito bem. Sim, temos um pouco de macaco. Esqueça Adão.

Pude pegar uma revista, arrastar uma cadeira para a beira da praia e ler calmamente uma revista às 6 horas da manhã, quando o dia amanhecia, e reparei a aurora maravilhosa circundando meus ombros.

Pude, inclusive, ser penetrado, literalmente, por infindáveis espécies de pernilongos selvagens.

O borrachudo, em especial, após saborear meu sangue, deixa uma pequena casca branca em cima dos furos, ou pequenas gotículas de sangue, grandes o suficiente para um exame de diabetes.

Talvez tenha demarcado sua perfuração em minha pele para atrair outros conterrâneos para o mesmo local já perfurado para extração do pétroleo vermelho nutritivo oriundo das minhas veias.

Sequelas à parte, a suma lição adquirida da natureza é como a vida urbana é medíocre. Como orkut, MSN, internet, empresas, tecnologia e tudo mais se torna inevitavelmente chato após incessante contato com ambientes naturais.

2009 é um ano de mudanças. Eu quero mudar profundamente. Me perdoem a velha analogia clichê do barco, mas me sinto um desses totalmente sem rumo, ou, rumando para qualquer corrosão.

Meu sentimento de certa empolgação se mistura ao tédio de janeiro e a melancolia de sempre.

Só sei que agora penso um pouco mais, coisa que não andava fazendo.

Preciso de paixões na vida. No ano passado, fui ao meu limite sem paixão ou vontade.

Agora, preciso buscar meus limites através das minhas paixões porque isso impulsiona de verdade.

O ato de chegar ao limite e empurrar além é fascinante.

O automobilismo ou a música devem me proporcionar isso. Certeza. São as coisas que mais amo fazer. Em 2010, devo começar a correr em torneios amadores. Não faço ( ainda ) porque o esporte é caro, é preciso um carro pra carregar as coisas e não agora não por agora posso investir em macacão, sapatilhas e capacetes profissionais.

Música, nem se fala. Dedicação total. Sempre me fascinou. Desde quando tocava Nirvana com panelas e colheres, há uns anos atrás. Agora tenho uma bateria completa no meu quarto, coisa que sonhei por anos.

Não creio ser um talento excepcional, mas durante as curvas, retas, controle de pedais e motorizações, me sinto totalmente no paraíso. Ou impulsionando e sentindo a música rolar pelos nervos que controlam as batidas.

Preciso fazer companhia ao meu pai. Ele não será um homem solitário, se depender de mim.

Pronto. Post longo demais, e demasiado psicodélico.

Até.