9 de abril de 2012

O MEDO DO MESMO


oi amor! que saudade! vem cá, vamos deitar?
daqui a pouco, olha só, deixa eu mostrar


o que é? nada demais, eu que escrevi
nossa, que lindo! é pra mim? acho que sim!

nossa! você deveria publicar! não, não precisa
melhor mesmo, vergonha das amigas

vergonha porquê? não gostou?
amei, mas veja bem... e você? o que achou?

quero refazer, mas não tô afim
ah, amor! não precisa, te amo mesmo assim

ah! que saudade das nossas conversas, sabia?
eu também, e essa semana que não termina

adoro esse pijama, você fica tão linda
sério? e sem? ah! melhor ainda!

vou tomar banho, já volto, me espera?
vai lá, amor! volta cheiroso, sem pressa!


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Escova de dente, sabonete. Os pingos passavam pelo corpo em alta velocidade, pulsando, rápido, até os pés. No espírito, a ansiedade verdadeiramente alegre invade os recôncavos dos dias comuns, um a um. Os cinco sentidos são perfurados, sem pudor nenhum, com um impulso leve, real, intangível ... difícil de conseguir. Pra quem já sente, que continuem assim. Pra quem já sentiu, talvez estejam na ativa, existem outras saídas. Pra quem tem pouca idade, basta o fica fica. Para os idealistas, xiiii .... deixe que aprendam com a vida.

6 de abril de 2012

O TEMPO QUE TENHO

o tempo que tenho
é só esse mesmo
abrir a janela
olhar pra dentro

o tempo que tenho
é um traço pequeno
partido em vários
pedaços inteiros

o tempo que tenho
uso aqui, preso
nas minhas idéias soltas
em meu contra-senso

o tempo que tenho
é um fio de cabelo
que percorro tranquilo
à medida que aprendo

o tempo que tenho
é onde me convenço
que a vida que levo
é só isso mesmo

2 de abril de 2012

ELE FINALMENTE VOLTOU


Victoria simpre, pelas travessas, ó pai. Vieste sem roupa, sem tampa, sem cachorro na praça, mas está aqui, firme, diante de minha constatação. Já não acreditava em sua aparição, andava por acaso pra não ficar parado, guardava minha xícara na sacola, meu alá. Olhava torto para sua cara cimentada, passava reto, fazia um sinal descrente e vamos em frente.

Esperava por tudo, desde o ônibus até o salário. Arrumei as roupas do armário e escolhi a melhor pr'um dia normal, amigo! Olha quanta graça nesse sol lindo! Não guardo mais montantes, lancei mão do criado mudo, da estante, de minha mulher e minha amante! Sou livre de espera, raso em posses, cheio de amor e eterno em vida, encontrei a saída ou ela me encontrou quando não imaginava.

Ainda guardo afeto pelos animais, mas as revistas que li foram para a reciclagem. Escrevia delícias, picotava imagens, comia carne processada antes de sua chegada, meu amo, sábio dos sábios, legal pra caralho! É bom ter você aqui, sabe? Virei um nugget congelado, uma porta! Veja só, tenho fluxo em minha aorta. É bom ter companhia antes de bater as botas. Tu és o caminho, mesmo que esteja em silêncio. Não estou mais sozinho.