10 de abril de 2011

WHERE THE STREETS HAVE NO NAME


Ontem foi um sábado daqueles em que você acorda anestesiado, como um mecanismo de proteção do cérebro quando a semana é cheia de percalços. Tomei um banho e saí de casa às 11h30 da manhã. Fiz alguns telefonemas com um enorme esforço. Não estava minimamente empolgado para os shows de rock que assistiria mais tarde. O ingresso já estava pago, mas juro que cogitei vendê-lo.

Me reuni com uns amigos para almoçar, e foi confuso. Não conseguia desenvolver assuntos e olhar para as pessoas. Meu eu social estava flutuando. Normalmente, neste tipo de situação, ponho uma máscara e abdico dos meus sentimentos para tentar ser mais agradável, mas passei a semana com o espírito desarmado. Minhas expressões tem sido fiéis ao meu coração e não quis contrariar.

Ontem fui para o show do U2 como se estivesse indo trabalhar. Pura obrigatoriedade: aquele mar de gente indo para o estádio, o trânsito, a longa caminhada de ida e volta... não estava ali. Não fazia parte daquilo. Não queria estar em um show de rock. Tentei transparecer certa empolgação aos amigos que me acompanhavam, mas não consegui. Eles perceberam.

Devo dizer que, se me empolguei, foi com a banda da abertura, o Muse. Cantei "Hysteria", mas bocejei em "Elevation". Pulei em "Knights of Cydonia", mas coloquei as mãos no bolso em "Beautiful Day". Não sei. O U2 é uma das maiores bandas do mundo, tem estado no topo há mais de 30 anos e é a banda mais lucrativa da história, mas caiu na vala do easy listening. É o tipo de banda que se ouve em todos os lugares e todo mundo gosta. Virou um produto genérico, uma unanimidade construída com o que existe de melhor em produção, palco, tecnologia e qualidade de som ao vivo. Nunca tinha visto nada parecido. É realmente impressionante, mas o setlist foi burocrático.

Sou mais adepto dos primeiros discos, da crueza do "October", da perfeição pop do "War", do experimentalismo do "Unforgettable Fire" (meu favorito) e da genialidade do "Joshua Tree". O que vem depois não me agrada. Azar o meu.

Talvez meu julgamento sobre tudo tenha sido deturpado pelo meu estado de espírito. Para qualquer amante de música, é obrigatório ver um show do U2 na vida, mas não queria ter ido só por obrigação. Paciência.

Voltei para casa pensando em como superar o que não quero superar, mas vou encontrar meu caminho de novo.

Um comentário:

  1. U2 não é uma banda que "todo mundo gosta" porque EU não gosto. aliás, eu DETESTO e, se uma pessoa já detesta, significa que não faz parte de um senso comum.
    odeio o Bono tanto quanto odeio a/o VEVO.

    e digo mais: aposto que se tivesse ido a um show da Turma do Pagode teria se sentido bem melhor.
    mas você não me ouve.

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