26 de janeiro de 2009

ECLIPSE


O que se faz quando se tem um turbilhão de coisas para escrever, mas não funciona?

Vocês já se sentiram num desabrigo qualquer ou vivendo por viver?

Ando imaginando situações em que os sonhos influenciam na realidade.

E não é só isso: os estados de vígilia acontecem diariamente, de manhã e depois do almoço, e sonho com idéias e contextos totalmente irreais.

Devo estar entrando em total desprendimento com as coisas, a ponto de achar que alguns fragmentos de sonhos são mais interessantes do que viver.

Os budistas dizem: "Nós não acreditamos que vocês chegaram na lua, mas vocês chegaram. E vocês não acreditam que nós atingimos a iluminação em outra encarnação, mas nós atingimos." Eu quero também.

Não queria expor nada profundo aqui, e nada que me fizesse parecer um psicótico atormentado.

Isso enquanto o Roger me diz no fone de ouvido: "Os lunáticos estão no gramado, e é preciso mantê-los com a cabeça no lugar."

Por quê não posso ter uma visão instintiva e simples de todas as coisas? Não queria enxergar complexidade nas minhas relações sociais, afetivas, ou nas coisas simples que acontecem ao redor.

É. Vou falar de mim mesmo de novo, mas faço parte de uma sociedade com poucas variações de comportamento, falar de mim deve ser falar de alguns milhões.

E as luzes? Entorpecem e intensificam o efeito de substâncias líquidas as quais me submeti. Tudo gira e se mantém estático, simultâneamente. O ponteiro vermelho anunciando a passagem de pequenas transições de segundo entre espaços de tempo me dão a impressão de que posso mudar tudo repentinamente.

As coisas necessárias, retangulares, escurecidas, engolem no meu cômodo, nas casas e ruas por onde passo, me invadem sem meu consentimento: formas pseudo-geométricas que carregam alguma energia estagnadora, que não me fazem sair do lugar e me mantém com a mesma namorada, no mesmo emprego, com os mesmos amigos e inimigos, vivendo no mesmo lugar e da mesma maneira.

E as únicas coisas que me dissecam, diariamente, são retangulares: o ônibus barulhento que me leva de um lugar pra outro, com rotas pré-definidas e assentos marcados com o meu endereço. E pequenas pílulas de automatização e alienação ingeridas sem prescrição de ninguém ou bulas que ninguém lê.

Eu me pergunto se fazer parte dessas transições vale a pena ou se ter um filho é viável ( antes do prazer que antecede a sua concepção ). Na real, trazer alguém para este lugar desarmônico soa como uma grande irresponsabilidade.

Vocês já se sentiram num cômodo, destes que eu falei, sem cubículos, retângulos, sem luzes coloridas e qualquer coisa que lhes traga alegria verdadeira?

A tristeza não é simples. Não é uma cova rasa, e se estou cavando, é para algo diferente deste falso conceito.

Neste mundo, a plenitude verdadeira é um presente para poucos, e quase nunca para ordinários como este aqui.

Um dia, mando tudo para a puta que pariu ou me manterei lá, estagnado, imóvel e engolido por geometrias arquitetadas por não sei quem, em caminhos traçados por outros ( que não sei quem são ), sem me preocupar com eventuais desvios.

Fazer o que todo mundo faz é terminar onde todo mundo termina, por isso, estou tentando dizer adeus para a estrada de tijolos amarelos e deixar rolar, baby. Esperar Bennie e alguns Aviões me levarem para longe daqui, ou, ainda, ser carregado por alguma escadaria que me leve ao paraíso.

'Não há lado escuro na lua, realmente. O que importa é que, de fato, tudo é escuro.'

All that you touch
All that you see
All that you taste
All you feel.
All that you love
All that you hate
All you distrust
All you save.
All that you give
All that you deal
All that you buy,
Beg, borrow or steal.
All you create
All you destroy
All that you do
All that you say.
All that you eat
And everyone you meet
All that you slight
And everyone you fight.
All that is now
All that is gone
All thats to come
And everything under the sun is in tune
But the sun is eclipsed by the moon.

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