17 de abril de 2011

BRIDGE BURNING


O que a senhora fica pensando nesse tempo todo? Fico pensando umas doidices. Quais doidices? Umas doidices. Fico pensando nos meus filhos, sonho com eles. Ela fica assim, indo de lá pra cá, não sossega. Fica horas sentada lá. Vovó, você ficou triste? *Balança a cabeça afirmativamente, recosta no meu ombro* Vó, as pessoas não conseguem ficar muito tempo juntas hoje em dia. Acontece. As pessoas se cansam umas das outras e não conseguem ficar muitos anos juntas. Se as pessoas fossem mais egoístas, o mundo seria melhor. Mariel, a politicagem neste país não é absolutamente nada. Não tem como o país não crescer. O crescimento é movido pelo empresariado. Sede, fome, sujeira, limpeza, paradoxos. Eu bodeei, como já era previsto. Já era de se prever, né? O que a senhora fica pensando? Não sei, umas doidices, minha cabeça não para, meu filho. Mariel, algumas pessoas são destinadas ao sofrimento. Ela cuidou de uma, agora cuida de outra. Ela não tem vida própria. Coitada. Talvez seja uma boa ficar inconsciente. Ela não tem força na mão. Suja tudo. Acabou a água. São Paulo acelera as pessoas de uma forma estressante e você entra na loucura. Mariel, eu não sei quem são nossos vizinhos. Com esse e com aquele não converso. Não sei quem são os proprietários das outras casas. Preciso sair daqui. Com certeza, precisamos sair. Isso é inadmissível. Ela lembra um mendigo. Anda com a coberta na cabeça. *Limpa a bateria com alcool, monta, e diz para si mesmo que vai treinar* Acho que sou um homem de família. "gathering the ashes everything blown away gathering the ashes scatter and they blow away gathering the ashes everything blown away" E reclamamos. E reclamamos. O que a senhora fica pensando? Não sei, meu filho. Umas doidices.

Um comentário: