20 de abril de 2011

REALISMO (NÃO) CONVINCENTE



O despertador toca às 06h30 da manhã e interrompe mais uma experiência de imaginação do inconsciente. Esse é mais um daqueles textos em que a gente escreve sem se importar com o que vai sair. Olhei para a janela e as válvulas do peito se encheram de senso negativo. Hoje, já saindo de casa, voltei para buscar uns contratos que não poderia esquecer, mas lembrei que sonhei que tinham me pedido isso. Não havia contrato, nem nada. Me assustei comigo mesmo. Faz tempo que venho numa sequencia de sonhos malucos por noite, mas hoje foi a primeira vez que isso se misturou ao real, de forma natural. 

Acho que a realidade tem sido áspera ultimamente. Penso constantemente no futuro, nas coisas que tenho feito, nas decisões que (não) tomei, nos planos para os próximos anos, e talvez tudo isso seja uma forma inconsciente de escapar do presente. Vejo a janela, ouço o silêncio do quarto e penso em ouvir algo alinhado com meu estado de espírito, mas nada vem à mente. Logo, sinto o enclausuramento de olhar para a tela do computador e não querer fazer absolutamente nada. E, depois, digo: "Afff".

Me sinto em todas as épocas da vida. Penso em como seria se se se se se se se, mas não vivo o que deveria estar vivendo. Me sinto forte para passar por isso, capaz para entregar meus projetos e encontrar minha identidade, mas frágil para lidar com tédio-pessoas-válvulas afeto-hormonais. Todo mundo, em algum momento da vida, deve se sentir meio fora da realidade. Quando o despertador tocar novamente, vou continuar misturando os sonhos com a vida, mas numa solidão de correr para as colinas. 

Espero não levar muito tempo para juntar essas dimensões temporais. Essa conversinha entre relógios está me matando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário