7 de março de 2012

MEU CORAÇÃO É NOVO


Tinha um despertador de pilha, daqueles que fazem tu tu tu, seco e irritante. Acordava às 4h da manhã e fazia dois turnos na limpeza. Era casado, era feliz, era pai de dois filhos e chegar em casa era tudo o que queria, todo dia, para viver o calor daquilo. 

Pegava o Terminal Princesa Isabel, às 5h, já lotado, mas acostumou. Pensava silenciosamente, lembrava afetivamente e trabalhava mecânicamente, recolhendo os resíduos de nossa comodidade escrota.

Entre baias, corredores e lâmpadas frias, um obrigado. Um sinal de gentileza, uma palavra cortante em seus nervos, fazendo-o parar e sorrir, quase sem acreditar que alguém percebeu a sua presença e agradeceu.

Nenhum esforço, uma palavra, um segundo, um sorriso e a vida faz sentido.

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