7 de maio de 2012

LEIA-ME SE FOR CAPAZ


Nas últimas semanas, escrevi um ciclo de cinco tópicos para lidar com minha (atual) existência e talvez possa se adequar à vocês (talvez não), mas é de coração:

I. QUERO SER O HOMEM QUE SOU: Primeira parada: reconhecimento. No início do ano fiz uma auto avaliação (devidamente bancada pela firmona) baseada no método Myers-Briggs (ou o famoso MBTI) desenvolvido durante a segunda guerra mundial e, desde então, tornou-se referência para mapear perfis. Existem outros, mas, por ser tão usado (e maduro), aponta com precisão traços permanentes e o momento atual da pessoa. Algumas consultorias de RH podem tornar o processo cheio de blás blás blás desnecessários, mas mesmo assim recomendo.
Na verdade, recomendo a reflexão contínua sobre nossos ciclos (com ou sem métodos). Através disto, identificamos nosso modelo de vida, quem somos e onde queremos chegar. A mera existência pode nos sufocar (se deixarmos), mas acredito que podemos ser pessoas melhores pelo reconhecimento de nossas virtudes, que culminam em atitudes reais diante de situações desfavoráveis.

II. UMA PESSOA SÓ: Depois de ter a mínima noção de quem somos (identidade oi), precisamos assumir outra bronca. Imaginem: o cara chega no trabalho, fala o diabo dos amigos, da esposa, dos filhos, da reforma na casa. Chega em casa, abaixa a crista, fala mal da empresa, do chefe, dos amigos. No boteco, bate na mesa, esculhamba a esposa, a empresa, os filhos. Reclama do trânsito, mas não dá seta. Reclama do governo, mas adora um privilégio. Reclama dos juros, das dívidas, mas faz leasing de um Veloster. Reclama da bagunça dos filhos, mas não arruma o próprio quarto.

É importante assumir posições, ser uma pessoa só. É um processo desgastante, mas quem se expõe fortalece seus argumentos, direciona melhor suas ações e pensará duas vezes antes de se expor de novo. E cresce. O ser humano é assim, escandaliza, põe em dúvida, mas é menos traumático se formos imparciais (ser imparcial é buscar a verdade, afinal). Com o ateísmo em alta, estamos propensos a uma infinidade de percepções sobre a vida (que devem ser respeitadas), mas isso não impede de alinhar atos e crenças sem muita ostentação. No fim, basta o exemplo.

III. WORKING MAN: E depois da identidade, das crenças e ações, vem a vida profissional (que inevitavelmente tem a ver com o mundo em que você quer viver). Nós (espécie) transformamos o mundo em um lugar complicado, cheio de variáveis, interesses, e submissões pelas quais sofremos compulsoriamente todos os dias. No entanto, o trabalho dá espaço para que essa engrenagem frívola passe pelo nosso crivo, e então temos a chance de transformá-la pedaço por pedaço e converter nossa bagagem cultural e acadêmica em um produto que pode influenciar decisões. Foi-se o tempo em que o homem privilegiava estabilidade financeira e longa carreira em uma multinacional. Hoje, mais e mais pessoas assumem riscos desenvolvendo projetos capazes de transformar o meio em que vivem, cadeias de consumo e modelos de negócio.

Adelante, amigos.

IV. LOVE WILL TEAR US APART: Flutuando por tudo isso vem as nossas afeições (que podem comprometer tudo pelas seguintes razões): somos capazes de adquirir qualidades de alguém que amamos, mas também alguns defeitos // poderíamos estar produzindo, pensando, nos entregando ao ócio criativo, mas não! às vezes perdemos tempo com discussões inúteis // uma crise no namoro pode comprometer o andamento de tudo com facilidade, e a vida é ridiculamente maior que isso // a probabilidade da relação sobrecarregar alguém é enorme, e ninguém quer isso (a não ser que você seja um masoquista emocional) // o espaço que você está cedendo é maior do que o espaço que a pessoa está oferecendo? // casos de autoritarismo afetivo e/ou ciúme possessivo devem ser combatidos. caso contrário, podem oprimir o desenvolvimento interpessoal e profissional do pau mandado // antes de um namorico efetivamente dar certo, devemos prever uma boa dose de desgaste emocional // pessoas juntas nem sempre amadurecem juntas // em muitos casos, se afundam no esforço inútil de entender (e ajudar) umas às outras sem reconhecer que algumas simbioses simplesmente não funcionam.

Meu amigo, se nada disso acontece contigo, pule para o próximo tópico. E parabéns!

V. THE END OF THE BEGINNING: Depois de tudo isso, o cérebro (inteligente que é) dá uma bela travada (ninguém aguenta essas nóias por muito tempo) e entra em um limbo necessário de auto preservação. É quando todas essas conclusões se  tornam sólidas na nossa essência. E depois de um tempo (com calma e humildade), nos questionamos de novo, pesamos a intensidade dos ataques, a precisão das defesas, a nossa integridade e enfim. É neste divisor de águas que fechamos o ciclo (que pode durar meses ou anos) e começamos outro. Com o passar do tempo, nossas convicções ficam engessadas, nos cegamos em nossas certezas e nos cercamos de pré-conceitos (o que considero um mau sinal), mas podemos quebrar isso reavaliando os caminhos (que optamos por não seguir), nos abrindo à outras opiniões, nos deixando influenciar (ou não). Na prática, isso nos deixará mais confortável com nossas escolhas ou melhor: pensaremos em algo completamente novo.
Boa viagem.

Um comentário:

  1. Eu li -- não me desafie que faço tudo pra provar que sou capaz! :)
    E que texto, hein? Confesso que não procurei, mas não vi todos os erros que vc disse que encontraria. Encontrei, sim, um texto que fala muito do que tenho pensado nos últimos tempos -- ciclo atual? -- e que com certeza não conseguiria traduzir tão bem e sinteticamente em palavras.
    Fico feliz em perceber que as coisas estão assim tão claras pra vc. Desse jeito é só seguir o roteiro e caminhar em direção ao sucesso -- e aqui me refiro a sucesso como sendo aquilo que vc mais deseja. :)
    Agora me conta pq escolheu a foto do Van Gogh?
    Bjo

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