23 de novembro de 2009

A VIDA É MAIOR QUE MUITAS FASES FILOSOFAIS

O amor está em baixa, não desfila, nem é grife. A maioria das pessoas nascem com escolhas restritas e liberdades condicionais. Os sonhos desgarraram-se da inocência e do encanto e aderem à gadgets de tecnologia milagrosa e à conquista de bens essenciais: um lar, um carro e uma companhia fisicamente atraente, humilde e leal, como religiosamente aparece na novela como uma personagem cega de uma só face.

A molecada criada a leite com pêra não questiona os atuais paradigmas, passam chapinhas nos cabelos e choram por tragédias banais, saem para brincar, se embreagar, para descobrir o mundo sem a menor responsabilidade, sem o menor senso de dúvida sobre o que parece errado nas coisas primárias que são capazes de enxergar. O homossexualismo crescente não pode ser questionado quando a população cega, de todos os gêneros, se submete a humilhações caras, pagas em boletos mensais sem a menor noção de investimento, sem quantificar o verdadeiro benefício do preço.

Os reis são os mesmos há algum tempo - usufruindo do excesso de poder que os homens não sabem dominar - e se lambuzam.

Ninguém questiona o escambo desregulado dos produtos doentes que consumimos, ninguém se interessa pelas verdadeiras causas do proletarismo escravo-mórbido-rotineiro-robótico-morto-inerte-desumano - exceto àquelas verdades ansiosas que passam nos comerciais.

Cansa ser vítima da cegueira dos outros, e cansa a sensação de impotência que dá ao ver a força extraodinária dos meios que existem para manipulação das massas. Cansa exergar demais e sofrer por aqueles que se preenchem com sonhos finitos e uma satisfação vendida à preço alto, embudida num produto eletrônico que os reis sintetizam como um instrumento máximo de felicidade, dando ao miserável o contato com o que sempre pareceu impossível.

São eles que comandam: os que nascem no suburbio, com o carimbo de submissão na mente, com medo feroz dos que tem poder sobre o pão na mesa e o leite na geladeira, com hora pra entrar e pra sair, com três ou quatro réplicas de pequenos ceguinhos para alimentar: esses, muitas vezes fruto de prazer barato e descuidado, sem instrução. Sim, eles não sabem procriar quando querem, e se sentem assim, sem culpa, sorrindo, como se aqueles pequenos seres fossem bençãos do céu, e afastam a possibilidade de, no futuro, ver os pequenos crescidos sem água, sem trabalho, se submetendo a superlotações em troca de sobrevivência. Imaginam neles a redenção futura da vida ordinária que vivem.

A molecada se apoia em verdades convenientes para poucos poderosos, afastados da nobreza do bem comum, alimentando um egoísmo burro gerado por energia finita fóssil não-renovável. Por quanto tempo os que afastam a neblina dos olhos terão de sofrer as consequências do descaso ao ensino fundamental? Por quanto tempo teremos que pagar três vezes para obter um só benefício essencial ( Governo + ( Garantia Privada + Governo ))?

Por quantas gerações a classe média imunda vai trabalhar cegamente para comprar presentes de natal, de dia dos pais, das mães, das crianças, de aniversários, de páscoa? Ainda, para renovar seus computadores, televisores, eletrodomésticos, gadgets, móveis e afins? Até quando vamos ser chamados de trabalhadores, ladrões, consumidores, da mesma laia, espécie de idiotas e cegos ordinários que custeiam uma ditadura tíbia, de forças ocultas e ventos invisíveis que sopram sempre contra os que enxergam?

Não seria uma boa hora de botar pra foder? Obrigado, Saramago.

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