10 de agosto de 2010

INFERNO VERDE OLIVA


"Venha, meu coração está com pressa. Quando a esperança está dispersa só a verdade me liberta. Chega de maldade e ilusão. Venha, o amor tem sempre a porta aberta e vem chegando a primavera: nosso futuro recomeça. Venha que o que vem é perfeição.."

O celular repousa na mesa e as portinholas imaginárias se abrem para a luz grená que acende o resto de tarde.
Ilumina um chá, uma dança torta, reluzente, unitária, maldita, de quem não sabe dançar.

Prefiro a unidade, a sensação límpida de estar.
Sem replicar, rebater ou discutir as verdades absolutas de quem é dono do acaso.
Sem prefirir o voo suave, o pouso tranquilo e a ausência de turbulências.
Há sentido na segurança tênue de um rumo sem traço pra aprender a se encontrar?

Tudo se move e muda sem mudar. Tudo gira para os lados sem sair do lugar.
Todos os lados se confrontam do lado de fora para formar almas unilaterais.
Todos os lados de dentro são uma coalizão para vencer um inimigo acampado num quartel de amputados.

Na realidade, não há nada a ser provado, crime conjugado, ser civilizado.
De qualquer forma, viver não prova nada. Provo ser um tal, apenas.
Não há mais crime, evidência ou indecência.
Se existe saudade, só é pra fazer existir quem quer esquecer que na verdade tudo é só existência.

Vai plantar tempo e espaço pra ser fruto do exato.
Vai deitar embaixo pra passar um tempo com mãos, cabelos e braços.
Vai ver ali uma linda vista vestida de alívio, precisa, livre de mormaço.
Tudo de verdade, mentira, absoluto, industrial ou natural, resumidos, num abraço.

Se arrepender depois, sim, na rotina de uma instrução perfeita com uns erros encontrados.
Seguir, enfim, preferindo a (im)perfeição do que somos, caídos, após um voo ensolarado.

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