As luzes passam pela janela em alta velocidade como estrelas. De um lado, crianças adolescentes gargalhando caindo de bêbadas. À minha frente, um senhor. Parecido comigo, até, quando velho.
Mochila no colo, compras nos entrebolsos, sapatos velhos e engraxados. Um olhar de lamento: "passei por coisas que me tornaram quem sou hoje na idade deles".
Era isso que dizia com os olhos, de social, camisa e calça, respeitosamente.
Tanto barulho dizendo nada. Tantas palavras despidas sem exatidão. Tantos risos convertidos em ressaca no dia seguinte. O mundo será só deles.
Abismos entre o que (não) será e o que foi. É tão fácil subestimar.
Pinheiros, Lapa, Brigadeiro, Barra Funda, a vida se divide em estações e a liberdade carrega consigo uma solidão quase insuportável, daquelas de andar com um espelho rente aos olhos. Tensão, equilíbrio, inércia dos movimentos, rodopios da mente frente ao cansaço.
A fidelidade ao coração sobreposta ao coma. Os sonhos confusos, intensos. Acorda! A proliferação dos conflitos internos que aglomera e consome.
Extrato de maracujá pra dormir.
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