25 de março de 2012

QUASE DE MANHÃ


é pau, é pedra, é o fim do caminho
é o medo da noite, é o ponto vazio
é falar com amigos, é jogar futebol
é a ansiedade para abrir o farol

é a viola no canto, a comida azeda
vasilha, marmita, é roubar a carteira
é a coberta no inverno, é descer a saideira
é o trocado, é o leite, é encher mamadeira

é a criança chorando, é dormir na cadeira

é o resto de pão, é o gato na telha
é a pá de cimento, é a cruz na gaveta
das águas de março, é sair da cadeia

é o céu, é o patrão, é o grão na peneira
é a educação, é pote na prateleira
é a fome, é o mel, é o aperto de mão
é o menino, é o trabalho lá na construção

é o servidor público, é a blusa de linho
é o perfume no rosto, bem cercado de amigos
é o térreo, é o elevador, é a caneta de ouro
é o jardim da casa, é a grama no entorno

é o cheque, é o metro, é o piso brilhando
é a limpeza da sala, é o chefe chegando
é a volta, é o toco da mulher amada
é o orgulho ferido, é a moral derrubada

é a mistura da massa, é armar a cabana
é o cansaço, é o abraço, é o jogo, é a cana
é o estrago, é a dor, é o beijo na mãe
é a calçada estreita, é a blusa de lã

são as águas de março fechando o verão
é a promessa de vida no teu coração

abre a porta, é o tal, vem joão, vem josé
assinem ali, no x do rodapé

são as águas de março fechando o verão
é a promessa de vida no teu coração

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